Cairo, 6 de outubro de 1981. Anwar Al Sadat, presidente do Egito, é assassinado durante um desfile militar. Os autores do atentado são jihadistas islâmicos infiltrados no exército e pertencentes a uma organização egípcia que se opunha ao acordo de paz estabelecido com Israel anos antes.

Sadat se tornara presidente em 1970 após a morte de Gamal Abdel Nasser, líder máximo do nacionalismo egípcio. Em 1973, em aliança com a Síria, o Egito se envolveu na Guerra do Yom Kipur contra Israel, buscando reaver territórios perdidos para este país na Guerra dos Seis Dias (1967). Ainda que o balanço final do conflito tenha sido mais favorável a Israel, o sucesso em algumas operações militares conferiu a Sadat um elevado prestígio entre os egípcios e maior influência na geopolítica do Oriente Médio. Foi o que lhe abriu caminho para as negociações de paz que culminariam, em 1978, no Acordo de Camp David, rendendo o Prêmio Nobel da Paz a Sadat e ao primeiro-ministro israelense, Menachem Begin.

O acordo, no entanto, se saíra extremamente impopular no mundo árabe, pois grande parte da opinião pública se sentira ultrajada pelo reconhecimento da ocupação israelense da Palestina e pelo estabelecimento por parte do Egito - maior potência militar árabe - de boas relações com  Israel, inimigo histórico do pan-arabismo e grande aliado das potências ocidentais. O assassinato de Anwar Al Sadat foi, portanto, um dramático desdobramento daquele contexto.

Sadat seria sucedido por Hosni Mubarak que, por sua vez, seria derrubado pelas gigantescas mobilizações populares de 2011.