1988: greve dos trabalhadores da CSN


Volta Redonda, novembro de 1988. Trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) entram em greve em resposta à política de arrocho salarial imposta pelo governo do presidente José Sarney. O sindicato exigia, dentre outras reivindicações, reajuste salarial, estabilidade do emprego, jornada semanal de 40 horas, fim da perseguição política e reconhecimento da representação sindical. Após os primeiros atos de repressão contra as manifestações dos trabalhadores iniciados pela Polícia Militar, a CSN é ocupada pelos grevistas no dia 7. A direção da empresa, então estatal, solicita à Justiça reintegração de posse. Após a invasão do exército, no dia 9, o saldo é de três mortos e centenas de feridos. O movimento grevista segue adiante e passa a contar com forte apoio da população de Volta Redonda, que se manifesta através de um abraço simbólico em torno dos 12 quilômetros da usina. A repercussão nacional e internacional é grande, mas governo e exército, cada vez mais deslegitimados, seguem culpando os grevistas pela violência ocorrida. A greve chega ao fim no dia 24, após intensas negociações e vitórias parciais do movimento grevista.

Essa foi a primeira vez que as Forças Armadas entraram em cena para reprimir trabalhadores desde a instauração da Nova República, em 1985. Os episódios em Volta Redonda demonstraram que as elites políticas que dirigiam o processo de transição do regime não abririam mão da violência direta contra a classe trabalhadora organizada, tal como ocorrera durante a ditadura militar. No governo do presidente Itamar Franco (1993-1994) a CSN seria privatizada.