Em 1947, a indústria de carvão do Reino Unido foi estatizada pelo governo trabalhista do primeiro-ministro Clement Atlee, seguindo o plano de reconstrução da economia britânica no imediato pós-guerra sob as diretrizes do Estado de bem-estar social. Décadas mais tarde, em 1979, Margaret Thacther liderou os conservadores à vitória eleitoral com uma plataforma de desmonte da estrutura social que havia proporcionado os mais altos padrões de vida experimentados pela classe trabalhadora britânica até então. Vivia-se, naquele momento, uma profunda crise econômica iniciada na da década anterior e, em resposta, se iniciava a introdução do modelo neoliberal.

Seguindo seu plano, Thatcher decide, em 1984, privatizar ou encerrar a atividade de inúmeras minas de carvão do país, sob a justificativa de que a produção se tornara ineficiente e excessivamente dispendiosa. Em resposta, os mineiros iniciam uma série de movimentos grevistas, levando a União Nacional dos Mineiros a convocar uma greve geral que duraria um ano e chegaria a envolver 142 mil trabalhadores.

Além de fechar minas, o objetivo de Thatcher e dos conservadores era o de atingir em cheio o sindicalismo britânico. Após severos embates e nenhuma negociação, esse objetivo foi alcançado e o poder do movimento popular e dos sindicatos foi drasticamente diminuído dali para frente Diversas indústrias e serviços então na mão do Estado foram privatizados. Contudo, a economia britânica jamais voltou ao mesmo patamar de estabilidade observada nas primeiras décadas da segunda metade do século XX.


Reportagem produzida pelo canal estatal britânico "Channel 4", documentando 
a greve geral dos mineiros britânicos.

Vídeo de protesto rememorando a greve e a repressão do governo



Em 22 de junho de 1941, a Alemanha nazista e seus aliados invadiram o território da União Soviética forçando a entrada desta na Segunda Grande Guerra. Com esse ato, o líder nazista Adolph Hitler rompia o pacto de não agressão firmado com os soviéticos em agosto de 1939 (Pacto Germano-Soviético ou Pacto Ribbentrop-Molotov). Dias mais tarde, em 3 de julho de 1941, o líder máximo da União Soviética, Josef Stálin, proferiu um dos seus mais célebres discursos, transmitido ao povo soviético através das ondas de rádio. Nele, Stálin convoca a população para a "Grande Guerra Patriótica", nome pelo qual o conflito foi chamado na antiga União Soviética.

O áudio do discurso está disponibilizado abaixo. Mais abaixo está a transcrição completa do discurso de Stálin (crédito: Erick Fishuk).





Camaradas! Cidadãos! Irmãos e irmãs!
Combatentes de nosso exército e marinha!

É a vocês que me dirijo, meus amigos!

A traiçoeira agressão militar da Alemanha hitlerista à nossa Pátria, iniciada em 22 de junho, continua. Apesar da heroica resistência do Exército Vermelho, apesar das melhores divisões e melhores unidades de aviação inimigas já terem sido destruídas e perecido nos campos de batalha, o inimigo avança em sua incursão, lançando ao front novas forças. As tropas hitleristas conseguiram tomar a Lituânia, uma parte significativa da Letônia, o Oeste da Bielo-Rússia e parte do Oeste da Ucrânia. A aviação fascista está ampliando as áreas de operação de seus bombardeiros, submetendo a seu fogo Murmansk, Orsha, Magiliou, Smolensk, Kyiv, Odesa, Sevastopol. Nossa Pátria está correndo um sério perigo.

Como pôde ocorrer de nosso glorioso Exército Vermelho ter cedido às tropas fascistas tantas cidades e distritos nossos? Será que as tropas fascistas alemãs são realmente um exército invencível, como apregoa sem descanso a vaidosa propaganda fascista?

Claro que não! A história ensina que não há e nunca houve exércitos invencíveis. O exército de Napoleão se reputava invencível, mas foi destruído em sucessão por tropas russas, inglesas e alemãs. O exército alemão de Guilherme 2.º na época da primeira guerra imperialista também se reputava invencível, mas foi várias vezes derrotado pelas tropas russas e anglo-francesas e finalmente destruído por ingleses e franceses. Deve-se dizer hoje o mesmo sobre o exército fascista alemão de Hitler. Esse exército ainda não havia encontrado séria resistência no continente europeu, e apenas em nosso território se deparou com real oposição. E se por conta dessa resistência as melhores divisões do exército fascista alemão foram destruídas por nosso Exército Vermelho, significa que as tropas hitleristas também podem ser, e serão, destruídas, tal como o foram os exércitos de Napoleão e de Guilherme 2.º.

Quanto ao fato de parte de nosso território, mesmo assim, estar ocupada pelas tropas fascistas alemãs, a explicação principal é que a guerra da Alemanha fascista contra a URSS começou sob condições favoráveis às tropas alemãs e desfavoráveis às tropas soviéticas. Ocorre que a Alemanha, como país que conduz a guerra, já tinha as tropas inteiramente mobilizadas, e as 170 divisões alemãs lançadas contra a URSS e alocadas junto às nossas fronteiras se encontravam em estado de total prontidão, esperando apenas o sinal para avançar, enquanto as tropas soviéticas ainda deviam se mobilizar e se alocar nas fronteiras. Aqui também importou muito a circunstância da Alemanha fascista ter violado de forma inesperada e traiçoeira o pacto de não agressão que ela assinou em 1939 com a URSS, não contando que seria considerada pelo mundo inteiro como o lado agressor. É natural que nosso pacífico país, não querendo tomar para si a iniciativa de violar o pacto, não podia seguir o caminho da traição.

Pode-se perguntar: como pôde ocorrer do Governo Soviético ter-se posto a assinar um pacto de não agressão com pessoas tão traiçoeiras e monstruosas como Hitler e Ribbentrop? Não teria sido aqui cometido um erro da parte do Governo Soviético? Claro que não! O pacto de não agressão é um tratado de paz entre dois Estados, e foi exatamente algo assim que nos propôs a Alemanha em 1939. Podia o Governo Soviético recusar tal proposta? Penso que nenhum Estado pacífico pode recusar um acordo de paz com potência vizinha, mesmo que no comando dela se encontrem monstros e canibais como Hitler e Ribbentrop. E isso, claro, sob a condição obrigatória de que o acordo de paz não fira direta ou indiretamente a integridade territorial, a independência e a honra do Estado pacífico. Como se sabe, o pacto de não agressão entre a Alemanha e a URSS é exatamente dessa natureza.

O que nós ganhamos ao assinar com a Alemanha o pacto de não agressão? Garantimos paz a nosso país durante um ano e meio e a possibilidade de preparar suas forças para reagir, caso a Alemanha fascista se arriscasse a agredi-lo a despeito do pacto. É um ganho inegável para nós e uma perda para a Alemanha fascista.

O que ganhou e perdeu a Alemanha fascista ao romper traiçoeiramente o pacto e cometer a agressão à URSS? Ela alcançou situação um tanto vantajosa para suas tropas durante um curto prazo, mas perdeu politicamente, revelando-se aos olhos do mundo inteiro como uma agressora sanguinária. Não se pode duvidar que esse ganho militar passageiro para a Alemanha é apenas episódico, e que o imenso ganho político para a URSS constitui o fator sério e duradouro em cuja base devem se desdobrar os sucessos militares decisivos do Exército Vermelho na guerra contra a Alemanha fascista.

É por isso que todo nosso valoroso exército, toda nossa valorosa marinha de guerra, todos os nossos pilotos-falcões, todos os povos de nosso país, toda a melhor gente da Europa, América e Ásia, enfim, toda a melhor gente da Alemanha repudiam as ações traiçoeiras dos fascistas alemães e demonstram simpatia pelo Governo Soviético, aprovam a conduta dele e veem que nossa causa é justa, que o inimigo será destruído, que nós devemos vencer.

Por força da guerra que nos foi imposta, nosso país entrou num embate mortal com seu pérfido e fidagal inimigo, o fascismo alemão. Nossas tropas estão combatendo heroicamente um adversário armado até os dentes com tanques e aviões. O Exército e a Marinha Vermelhos, superando inúmeras dificuldades, estão lutando abnegadamente por cada palmo da Terra Soviética. Estão entrando em combate as principais forças do Exército Vermelho, armadas com milhares de tanques e aviões. A bravura dos guerreiros do Exército Vermelho não tem paralelo. Nossa reação ao inimigo está ficando maior e mais forte. Junto ao Exército Vermelho está se erguendo em defesa da Pátria todo o povo soviético.

O que se exige para liquidar o perigo que nossa Pátria está correndo, e que medidas devemos tomar para derrotar o inimigo?

Antes de tudo, é indispensável que nosso povo, o povo soviético, entenda toda a profundidade do perigo que ameaça nosso país e renuncie à benevolência, ao relaxamento, aos humores da edificação pacífica, plenamente compreensíveis antes da guerra, mas atualmente nocivos, já que ela mudou radicalmente a situação. O inimigo é cruel e implacável. Ele tem por objetivo tomar nossas terras, regadas com nosso suor, tomar nossos cereais e nosso petróleo, produzidos com nosso esforço. Ele tem por objetivo restaurar o poder dos latifundiários e o tsarismo, destruir cultura e instituições nacionais de russos, ucranianos, bielo-russos, lituanos, letões, estonianos, usbeques, tártaros, moldávios, georgianos, armênios, azerbaijanos e outros povos livres da União Soviética, germanizar esses povos, transformá-los em escravos dos príncipes e barões alemães. Trata-se, assim, da vida ou morte do Estado Soviético, da vida ou morte dos povos da URSS e seu ingresso na liberdade ou na escravização. Os soviéticos precisam entender isso, deixar de ser descuidados, mobilizar-se e reorganizar todo seu trabalho de um jeito novo, bélico, que não inspire pena do inimigo.

É indispensável, a seguir, que em nossas fileiras não haja lugar para chorões e covardes, alarmistas e desertores, que nossa gente desconheça o temor na luta e vá abnegadamente à nossa Guerra Libertadora Patriótica contra os escravizadores fascistas. O grande Lenin, fundador de nosso Estado, dizia que as qualidades essenciais dos soviéticos deviam ser a bravura, a ousadia, a ausência de temor na luta, a disposição para combater junto ao povo os inimigos de nossa Pátria. É indispensável que essas excelentes qualidades de um bolchevique se tornem atributos dos milhões e milhões em nosso Exército e Marinha Vermelhos e em todos os povos da União Soviética.

Devemos desde já reorganizar todo nosso trabalho de um jeito bélico, submetendo tudo aos interesses do front e às tarefas que organizem a derrota do inimigo. Os povos da União Soviética veem agora que o fascismo alemão é irrefreável em seu rancor e ódio ensandecidos à nossa Pátria, a qual garantiu a todos os trabalhadores emprego livre e bem-estar. Os povos da União Soviética devem se erguer em defesa de seus direitos e de sua terra contra o inimigo.

O Exército e a Marinha Vermelhos e todos os cidadãos da União Soviética devem proteger cada palmo da Terra Soviética, brigar até a última gota de sangue por nossas cidades e povoados, demonstrar a coragem, iniciativa e astúcia próprias de nosso povo.

Devemos organizar uma ajuda multilateral ao Exército Vermelho, garantir o reforço intensivo de suas fileiras, garantir-lhe o abastecimento com todo o necessário, organizar o rápido avanço dos transportes de tropas e carga militar e uma ampla ajuda aos feridos.

Devemos fortalecer a retaguarda do Exército Vermelho, submetendo aos interesses dessa missão todo o nosso trabalho, garantir o funcionamento intensivo de todas as empresas, fabricar mais fuzis, metralhadoras, canhões, cartuchos, projéteis, aviões, organizar a salvaguarda das fábricas, centrais elétricas, serviços telefônicos e telegráficos, ajustar a defesa antiaérea local.

Devemos organizar uma luta sem trégua contra quaisquer desorganizadores da retaguarda, desertores, alarmistas, espalhadores de boatos, aniquilar os espiões, diversionistas, para-quedistas inimigos, prestando em tudo isso assistência rápida a nossos batalhões de extermínio. Precisamos ter em vista que o inimigo é pérfido, ardiloso, perito em enganar e espalhar falsos boatos. É preciso levar tudo isso em conta e resistir às provocações. Precisamos desde já julgar no tribunal de guerra todos os que estorvam com seu alarmismo e covardia a causa da defesa, sem qualquer distinção.

Em caso de retirada forçada das unidades do Exército Vermelho, devemos levar todo material ferroviário rodante, não deixar ao inimigo uma só locomotiva, um só vagão, não deixar ao adversário um só quilo de cereais, um só litro de combustível. Os kolkhozianos devem levar todo o gado, entregar os cereais à proteção dos órgãos estatais para serem transportados a regiões na retaguarda. Todos os bens valiosos, inclusive metais não ferrosos, cereais e combustível, que não puderem ser levados devem ser absolutamente destruídos.

Nas regiões ocupadas pelo inimigo, devemos criar grupos guerrilheiros de cavalaria e infantaria, criar grupos de sabotagem que combatam as unidades do exército inimigo, fomentem guerrilhas por toda parte, explodam pontes e estradas, avariem serviços telefônicos e telegráficos, incendeiem bosques, depósitos e comboios. Nas regiões ocupadas, devemos criar condições intoleráveis ao inimigo e todos os seus cúmplices, perseguir e aniquilá-los a cada passo, frustrar todas as suas iniciativas.

A guerra contra a Alemanha fascista não deve ser tida como uma guerra qualquer. Ela não é apenas uma guerra entre dois exércitos. Ela é, além disso, uma grande guerra de todo o povo soviético contra as tropas fascistas alemãs. O objetivo dessa Guerra Patriótica nacional contra os opressores fascistas não é apenas liquidar o perigo que nosso país está correndo, mas também ajudar todos os povos da Europa dobrados pelo jugo do fascismo alemão. Nessa guerra libertadora não estaremos sozinhos. Nessa grande guerra teremos aliados fiéis na figura dos povos da Europa e América, inclusive do povo alemão escravizado pelos figurões hitleristas. Nossa guerra pela liberdade da Pátria se confundirá com a luta dos povos da Europa e América por sua independência e pelas liberdades democráticas. Essa será uma frente única dos povos que defendem a liberdade, contra a escravização e a ameaça de escravização por parte dos exércitos fascistas de Hitler. Por essa razão, o histórico discurso do Sr. Churchill, premiê britânico, sobre a ajuda à União Soviética e a declaração do governo dos EUA sobre a disposição em prestar ajuda a nosso país, os quais só podem despertar um sentimento de gratidão nos corações dos povos da União Soviética, são plenamente compreensíveis e significativos.

Camaradas! Nossas forças são incalculáveis. O inimigo, cheio de presunção, logo deverá se convencer disso. Junto ao Exército Vermelho estão se erguendo milhares e milhares de operários, kolkhozianos e intelectuais para a guerra contra o inimigo agressor. Vão se levantar as massas de milhões de nosso povo. Os trabalhadores de Moscou e Leningrado já se puseram a formar aos milhares uma milícia popular em apoio ao Exército Vermelho. Em cada cidade que correr o perigo de invasão inimiga, devemos formar tal milícia popular, erguer todos os trabalhadores à luta para defender de corpo e alma sua liberdade, sua honra e sua Pátria em nossa Guerra Patriótica contra o fascismo alemão.

Para mobilizarmos rapidamente todas as forças dos povos da URSS e para conduzirmos a reação ao inimigo e sua agressão traiçoeira à nossa Pátria, criamos o Comitê Estatal de Defesa, em cujas mãos concentramos a plenitude do poder do Estado. O Comitê Estatal de Defesa se pôs a trabalhar e está conclamando todo o povo a cerrar-se em torno do partido de Lenin e Stalin, em torno do Governo Soviético para apoiar com abnegação o Exército e a Marinha Vermelhos, para derrotar o inimigo, para vencer.

Todas as nossas forças em apoio a nosso heroico Exército Vermelho, à nossa gloriosa Marinha Vermelha!

Todas as forças do povo à derrota do inimigo!

Avante, pela nossa vitória!
















Cairo, 6 de outubro de 1981. Anwar Al Sadat, presidente do Egito, é assassinado durante um desfile militar. Os autores do atentado são jihadistas islâmicos infiltrados no exército e pertencentes a uma organização egípcia que se opunha ao acordo de paz estabelecido com Israel anos antes.

Sadat se tornara presidente em 1970 após a morte de Gamal Abdel Nasser, líder máximo do nacionalismo egípcio. Em 1973, em aliança com a Síria, o Egito se envolveu na Guerra do Yom Kipur contra Israel, buscando reaver territórios perdidos para este país na Guerra dos Seis Dias (1967). Ainda que o balanço final do conflito tenha sido mais favorável a Israel, o sucesso em algumas operações militares conferiu a Sadat um elevado prestígio entre os egípcios e maior influência na geopolítica do Oriente Médio. Foi o que lhe abriu caminho para as negociações de paz que culminariam, em 1978, no Acordo de Camp David, rendendo o Prêmio Nobel da Paz a Sadat e ao primeiro-ministro israelense, Menachem Begin.

O acordo, no entanto, se saíra extremamente impopular no mundo árabe, pois grande parte da opinião pública se sentira ultrajada pelo reconhecimento da ocupação israelense da Palestina e pelo estabelecimento por parte do Egito - maior potência militar árabe - de boas relações com  Israel, inimigo histórico do pan-arabismo e grande aliado das potências ocidentais. O assassinato de Anwar Al Sadat foi, portanto, um dramático desdobramento daquele contexto.

Sadat seria sucedido por Hosni Mubarak que, por sua vez, seria derrubado pelas gigantescas mobilizações populares de 2011.






No dia 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros renunciava à Presidência da República. Seu curto mandato havia sido caracterizado pelo afastamento em relação aos partidos que lhe haviam dado suporte inicial e pela condução de uma política externa independente que abalava o humor de líderes políticos liberais e militares pró-EUA. A Constituição, então, previa que o cargo vago fosse entregue ao vice-presidente, posição ocupada na época por João Goulart (Jango). Este, por sua vez, que se encontrava na China em visita oficial, era considerado por seus opositores um perigoso líder de massas. Nesse cenário, Jânio calculava que, ao renunciar, nem o Congresso e nem os militares se permitiriam entregar a Presidência ao seu vice Jango, esperando, assim, ser reconduzido ao cargo com poderes ampliados.

O cálculo de Jânio, no entanto, se mostrou equivocado e o autogolpe não vingou. Em vez disso, a crise política se aprofundou quando os ministros militares e líderes civis conservadores obstaculizaram a nomeação de Jango como presidente, mesmo após o Congresso se negar a vetar a posse. Enquanto se mantinha o empasse, Brizola sacudia o sul do país com a Campanha da Legalidade, obstinada em garantir a posse de Jango, e o 3º Exército, se mobilizava com o mesmo propósito, ameaçando irromper a primeira guerra civil da história do Brasil republicano.

A crise foi contornada com a criação de uma comissão no Congresso que propôs a diminuição dos poderes do presidente e a adoção de um regime parlamentarista. Assim sendo, depois de uma longa viagem de volta, propositalmente repleta de  escalas, Jango chegou ao Brasil em 31 de agosto de 1961. Dias mais tarde, no aniversário da Independência, o vice pôde assumir finalmente a posse em Brasília. A situação ficava parcialmente resolvida, mas sucessivas manifestações de crise política acompanhariam todo o governo Jango até o golpe civil-militar de 1964.

O vídeo abaixo é de uma entrevista de João Goulart concedida à TV Tupi assim de sua chegada a Brasília. O clima já era então de retorno à normalidade. No entanto, o repórter não se furta a tocar em questões candentes daquele momento, como quando questiona quais seriam as pessoas que comporiam o executivo e que relação seria mantida entre este e o Congresso Nacional, que permanecia em grande parte hostil à figura de Jango.