O Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA) começou suas ações em 1982, em um cenário de modernização conservadora do Peru que alargava as desigualdades sociais existente no país. Tratava-se de mais uma organização surgida no interior da chamada "Nova Esquerda" peruana, um conceito que agrupa diferentes movimentos revolucionários de esquerda cujas características comuns são uma revisão das experiências guerrilheiras da década de 1960 e o rechaço às práticas do Sendero Luminoso (organização política e militar de inspiração maoísta que dominava áreas rurais do Peru). Impelidos a responder à crescente hegemonia direitista no Peru, o MRTA concebia uma fórmula de militância político-militar na tradição guerrilheirista da Revolução Cubana. A grande inspiração, porém, vinha da experiência então em curso dos movimentos revolucionários da América Central, como os de Nicarágua e El Salvador.

Durante os anos 1980, o MRTA fracassara no seu objetivo de preparar uma insurreição armada e, em 1990, as eleições presidenciais dariam vitória a Alberto Fujimori, cujo governo desempenharia um papel fundamental na derrota da esquerda armada peruana. Pouco identificado com os partidos tradicionais, Fujimori elegera-se prometendo consolidar uma plataforma de combate à hiperinflação e de fim da violência social. No cenário internacional, a derrota das esquerdas armadas na América Latina e o desmoronamento da União Soviética desacreditavam aos olhos do povo peruano o prosseguimento das ações revolucionárias.

Nos primeiros anos da década de 1990 já estava claro para a maioria dos militantes do MRTA a necessidade de terminar uma guerra impossível de vencer. Diversos dos seus dirigentes já haviam sido capturados ou mortos, fracionamentos ocorreram e desacordos prevaleciam em torno das alternativas políticas viáveis de seguir. Pressionados pelo Sendero Luminoso de um lado, e pelas Forças Armadas por outro, o MRTA se convertia em uma pequena força exclusivamente militarista e que recorria eventualmente a sequestros para angariar recursos. Imerso em uma conjuntural nacional bastante desfavorável, o grupo remanescente encontrava sérias dificuldades para se vincular ao movimento camponês e operário do Peru.

É nesse contexto que se desenrola o sequestro da residência do embaixador japonês em Lima, no final de 1996. Durante uma festa de fim de ano na mansão, 14 membros do MRTA fazem reféns centenas de diplomatas, oficiais do governo, militares de alta patente e grandes empresários. A grande maioria dos 800 reféns é libertada pelos guerrilheiros logo após a invasão. O sequestro, no entanto, dura quatro meses, até que em 22 de abril de 1997, uma incursão das Forças Armadas peruanas consegue liberar os 72 reféns restantes. Todos os militantes do MRTA foram mortos na operação, a qual praticamente decretou o aniquilamento da organização. Fujimori recebeu grande crédito da imprensa internacional pelo desfecho da situação, apesar dos informes que alegam que alguns dos guerrilheiros foram executados após rendição.

As imagens desse vídeo, com a operação militar que liquidou os sequestradores, foram transmitidas ao vivo pela TV peruana e por emissoras do mundo inteiro.