1993: greve na Rede Manchete


Em 1992, a Rede Manchete atravessava uma grave crise financeira. Nos anos anteriores, a emissora havia investido alto na produção de telenovelas de sucesso, como Pantanal (1990). Entretanto, toda a reestruturação planejada pelo dono da concessão, Adolpho Bloch, não dera os retornos desejados, e a TV Manchete perdera a vice-liderança de audiência para o SBT de Silvio Santos. Como saída à crise, Bloch negociou a venda da emissora ao grupo IBF (Indústria Brasileira de Formulários), presidida pelo empresário Hamilton Lucas de Oliveira. Na venda, 670 funcionários foram demitidos e a base de operações transferida do Rio de Janeiro para São Paulo.

Na tarde do dia 15 de março de 1993, os funcionários da Rede Manchete de São Paulo retiram a programação do ar como resposta ao atraso do pagamento dos salários. Após a veiculação de um manifesto por escrito, os grevistas passaram a transmitir sua própria mobilização. Além da denúncia do sucateamento da empresa e dos danos acarretados sobretudo aos funcionários, o movimento também abordou o tema da democratização dos meios de comunicação.

O desfecho da situação acabou favorecendo a recuperação da Rede Manchete pelo grupo Bloch através de decisão judicial. Entretanto, a crise se arrastaria até o final da década de 90, quando a falência foi decretada e a concessão transferida ao grupo de Amilcare Dallevo, que substituiu a TV Manchete pela Rede TV!, em 1999.