Após a situação entre Espanha e Marrocos ter se tornado tensa e chegar a um impasse - os militares espanhóis instalaram minas terrestres no trajeto pretendido pela marcha -, foi assinado o Acordo de Madri, no qual os espanhóis concordavam em ceder parte dos territórias do Saara Ocidental para marroquinos e mauritanos. O acordo foi celebrado pela imprensa internacional como uma demonstração de pacifismo dos governos e de respeito ao que seria um movimento espontâneo da população localizada ao sul do Marrocos.
Entretanto, a história da ocupação do território desértico do Saara Ocidental pelos marroquinos tende a ocultar suas graves consequências. A região esteve habitada por séculos pelo grupo étnico dos saaráuis que, em 1974, atingia uma população de quase 100 mil habitantes. Depois de quatro séculos de domínio espanhol, o país não contava com praticamente nenhuma infra-estrutura e a grande maioria da população era analfabeta. Com a chegada dos marroquinos, os saaráuis organizaram a Frente Prolisário, que proclamou do exílio a República Árabe Democrática do Saara em 1976 (reconhecida pela ONU a partir de 1984, mesmo sem estrutura de Estado). Em 1979, a Frente conseguiu expulsar os ocupantes mauritanos do sul do Saara Ocidental.
Na frente oeste, a estratégia dos marroquinos contra a resistência saaráui consistiu, e ainda consiste, em defender a "zona do fosfato", localizada nas margens do Atlântico. Para isso, o governo marroquino construiu um imenso muro de concreto para proteger seu grande interesse econômico naquela região.
Atualmente, 75% do Saara Ocidental segue ocupado por tropas marroquinas, enquanto o restante é controlado pelos próprios saaráuis. Como esta parcela menor do território é extremamente carente em recursos naturais, sua população é condenada a requisitar ajuda externa permanentemente. Cerca de 200 mil saarauis vivem no exílio.
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